terça-feira, 25 de outubro de 2011

Oficina de Criação literária com Menalton Braff

Você se lembra do escritor que não só criou o Serão Literário, como inaugurou as atividades de 2011 do evento? Menalton Braff está de volta e, desta vez, nos oferece uma oficina de criação literária. São vinte vagas e a inscrição deve ser feita online, de 26/10 (quarta) a 04/11 (sexta). Participe!
Mais informações abaixo:

Oficina de Criação literária com Menalton Braff:

Data: 05/11 (sábado)
Horários: das 10 às 12 (exposição teórica) e das 14 às 16 (exercícios de criação)
Local: Anfiteatro E (FCL)
Coordenação: Zé Pedro Antunes & Ude Baldan
Promoção: Proex/ Letras Modernas e Literatura 

Faça sua inscrição

Observação: Para a atividade da manhã, será necessária a leitura prévia de "O barril de Amontillado", de Edgar Allan Poe.




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Serão com Claudio Willer, aos olhos de Thiago Mathias Fajardo Custodio.


Quem esteve no Serão Literário do dia 13 de maio último teve a oportunidade de co-existir com Cláudio Willer, que, tendo sido apresentado como manda o protocolo, rapidamente ganhou vida perante o microfone, de onde despejou sobre os espectadores alguns baldes de poesia.  Leitor/declamador inspirado de seus próprios poemas, de sua voz brotavam imagens que contêm, como ele gosta de dizer, pedaços de realidade. Assim, um varal com roupas ao sol do meio dia, ruínas persistentes que observam fantasmas através dos tempos e uma praia de ilha, ficou sendo esse o cenário dos que ocupavam o anfiteatro.  Mas foi um verso muito especial que, muito provavelmente, terá “cutucado” tantos ouvidos: “Poesia é despreocupação.”
Pois esta  despreocupação  se vê  de fato na poesia de Claudio Willer, sensível na fluência do ritmo, acho que podemos dizer “narrativo”, de seus poemas, na tranquila sucessão de imagens compostas de elementos aparentemente distantes, ou na perceptível liberdade da linguagem que, segundo o  próprio autor, é capaz de construir significados. Que não se tome, no caso, a “despreocupação” como sinônimo para “desleixo”. Ao contrario, e ninguém terá ficado em dúvida a respeito, a concentração no momento presente, a vivência plena  de cada experiência e o olhar atento para as efemeridades do dia-a-dia se constituem em preceitos básicos desse “estado de tranquilidade”. Não se deve ao acaso, e o poeta lembraria outro grande poeta, Octavio Paz, a semelhança com o Budismo e outras vertentes filosóficas orientais.
Lidos os poemas, teve início o bate-papo, na atmosfera descontraída que o Serão Literário tem sabido cultivar.  Sempre surge uma questão mais forma, mas nunca a ponto de interromper o fluxo harmônico da “roda” de bate-papo.  Assunto não faltou. Dos festivais de literatura na Colômbia e na Venezuela, de que o poeta tem participado, aos acertos do Serão araraquarense, ao colocar o texto em primeiro lugar. Dos surrealistas aos poetas da “segunda vanguarda”, a geração beat americana, de Kerouac e Ginsberg a Leminski, das experiências psicodélicas ao inevitável intertexto que é a vida. E houveram provocações à burocracia acadêmica e ao stablishment literário, com a pregação de uma renúncia à poética cabralina, que talvez, dada a calma do recinto, não geraram  tumultos.
Ao despedir-se, o poeta nos deixou com a promessa de um retorno em breve, talvez para uma ofícina de poesia,  e de um papo sobre São Thomé das Letras e Artaud.  Aguardaremos.
Pelo anfiteatro, terá ficado o eco da gargalhada do poeta, ao ser questionado sobre as relações entre política e literatura. “Reservo o direito de contradizer-me”, foi o que ele disse, contido o riso, quase como um enigma.
Os presentes certamente terão deixado o recinto como eu, com a sensação de ter vivido uma troca de ideias. Mais recebemos que doamos, é certo, mas, nas outras oportunidades que virão, já estaremos mais equipados para a troca. Pois para isso serve o Serão, para isso serve, a presença, entre nós, de poetas do porte de Claudio Willer. Ficamos com o sentimento de que este Serão na certa renderá bons frutos, posto ter adubado as mentes que ali fizeram por merecê-lo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Serão Literário com Abdulai Sila e Zetho Cunha Gonçalves

Na terça-feira, 9 de agosto de 2011, aconteceu o primeiro Serão Literário do semestre, quarto do ano, com dois dos mais destacados autores africanos de língua portuguesa: Abdulai Sila e Zetho Cunha Gonçalves.
Feitas as apresentações, o primeiro a tomar a palavra foi o escritor guineense Abdulai Sila, autor de A útima tragédia, romance lançado entre nós pela Pallas Editora, do Rio de Janeiro, em 2006. Falou muito brevemente sobre sua obra e sobre seu contato com o educador brasileiro Paulo Freire, que, depois da independência da Guiné-Bissau do domínio português, coordenou as “brigadas de alfabetização” das quais participou, tendo sido esse o seu primeiro emprego.
De fala muito mansa e de pouco volume, o escritor mostra extrema humildade, atribuindo tudo o que criou em seu país como obra coletiva. Sobre o nome da editora da qual é co-fundador, a Ku Si Mon,  que em criolo significa “por suas próprias mãos”, esclareceu que ele é formado pelas primeira sílabas dos nomes de cada um dos sócios-fundadores: Fafali (KU)duwa, Abdulai (SI)la e Teresa (MON)tenegro.
Em resposta à pergunta sobre o que significa escrever e editar livros num país com taxa tão alta de analfabetismo, Sila respondeu com uma bela lição de vida, que tento reproduzir de oitiva: “Meu pai me ensinou muita coisa, mas essa foi a maior lição: há duas coisas principais na vida de um homem: o que se deve fazer e o que se gosta de fazer. Confundimos, muitas vezes, as duas coisas e acabamos por nos tornar, ou autônomos, quando optamos apenas pela obrigação, deixando de lado o espiritual, ou nos concentramos apenas naquilo que gostamos de fazer, o que também acaba trazendo problemas. É preciso haver um equilíbrio entre o ‘gostar de fazer’ e o ‘ter que fazer’. Eu me julgo uma pessoa de sorte, por ter podido juntar as duas coisas.”
Em seguida, para proceder à leitura de uma passagem do romance acima citado, foi chamada ao palco a atriz araraquarense Maria Alice.
Sila comentou sobre o incêndio que houve na Ku Si Mon e comprometeu boa parte das edições de seus primeiros livros, que acabaram sendo reeditados mais tarde: Eterna Paixão (1994), A última tragédia (1995) e Mistida (1997). Eram tempos de lutas internas. Depois da independência, os políticos, representantes de várias tribos e facções do país, se perderam em lutas de poder, que incluía, lamentavelmente, a repressão e a censura aos bens culturais, além de não permitir a necessária alfabetização da população guineense. Aos olhos de muitos, seus três romances se constituem numa trilogia sobre a história do país.
Falando sobre a guerra da independência, ele nos falou da sensação vivida pelo povo guineense: um misto de pequenez, no sentido político, e grandeza, no sentido do ímpeto para lutar pelo país.
De sua fala e das respostas às perguntas do mediador, fica a forte impressão de alguém que tem sua vida e sua literatura voltadas muito visceralmente para a construção de uma identidade para seu país e sua gente.
                A palavra foi passada, então, ao poeta angolano Zetho Cunha Gonçalves. Autor sobretudo de poemas, ele veio lançar, no Brasil, duas obras destinadas ao público infanto-juvenil: “Brincando, brincando, não tem macaco troglodita” e “Caçada real”, ambas pela Matrix Editora. Elas vêm se juntar a um lançamento anterior, também voltado para o mesmo público: “Debaixo do arco-íris não passa ninguém”.
Muito mais à vontade com a plateia, Zetho falou sobre as obras em lançamento, situando a primeira como reescritura de histórias populares de Angola, sendo que “Caçada real” tem como matriz a conhecida fábula “O leão e o jumento”. Como sinal de respeito pelo leitor, ele fala da necessidade da inclusão de um glossário de termos dialetais, como tem feito.  Como exemplo, mencionou “Mulemba” que é o nome de uma árvore sagrada de Angola, aquela que toda família tem plantada no quintal da casa, e em torno da qual os mais novos se reúnem ao redor dos avós para ouvir estórias.
Seguiu-se então a leitura de alguns versos de “Brincando, brincando, não Tem Macaco Troglodita”, na verdade um longo poema cheio de fantasias e associações inusitadas. Sob sua indicação, alguns poemas foram impressos e distribuídos entre os presentes, tendo ele optado por ler procedido à leitura de outros tantos.
Ainda com relação à poesia, Zetho também é da opinião de que poemas não se explicam, menos ainda pelo próprio autor. Quanto a sua poesia, que tem muito do popular, diz que procura manter aquilo que é próprio de sua tradição: a oralidade, a musicalidade. Logo, não se trata apenas da versão escrita da tradição oral, mas de uma apropriação da tradição oral para a feitura de novos textos poéticos.
Terminada a sua fala, o microfone foi franqueado à platéia.

Abdulai, diz-se que a literatura tem função estética, não educativa. Você acredita nisso?
A estética é fundamental. Tudo em nossa vida é repetido. Nós estamos aprendendo sempre. O contexto social é pouco favorável para a leitura, pois ela é um exercício que contempla a troca de ideias. É uma função, expõe a ideia a outro. Há uma vontade presente de moldar as coisas, de criar consensos na sociedade: o bom e o mal, o justo e o não justo. Numa história, há sempre uma lição: o mal é punido; o bem, reconhecido. Lemos um livro porque achamos beleza nele. Ainda estamos em busca de nossa identidade e é a literatura que nos une.

Zetho, como é que você se relaciona com sua poesia? Você escreve para um público específico?
Não. O autor não escolhe o público, nem o público o escolhe, e sim o texto que constrói o autor, pois o leitor é um escritor “à sombra da página”. [No caso, o autor aproveita para criticar a falta de circulação de livros em português entre os países falantes dessa língua e o recente acordo ortográfico.
Em suas falas finais, Abdulai agradeceu, expressando um desejo de uma relação mais ampla entre os países falantes do português, enquanto o extrovertido Zetho se mostrou grato pelo “tempo que não passamos namorando para vir ao Serão ouvi-los contar histórias”.
Gratos ficamos nós, um público que já se fez cativo do Serão Literário, pelo excelente bate-papo com os autores convidados.
Fiquem atentos às informações e venham participar do próximo encontro. Até lá.


Veja aqui as fotos.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Serão com Zetho Cunha Gonçalves e Abdulai Sila

O Serão Literário volta das férias trazendo, com o apoio das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo e do Instituto do Livro de Ribeirão Preto, Zetho Cunha Gonçalves e Abdulai Sila, dois dos mais destacados autores africanos de língua portuguesa.
Zetho Cunha Golçalves lançará A Caçada Real e Brincando Não Tem Macaco Troglodita (Matrix), e Abdulai Sila lançará A Última Tragédia (Pallas Editora).
Gonçalves é de Huambo, planalto central de Angola. Poeta, escritor de livros infantojuvenis, colabora com jornais e revistas de Angola, Moçambique, Portugal, Brasil e Espanha. Tem publicados Exercício de escrita (1979); O incêndio do fogo (1983); O vôo da serpente (edição manuscrita, 12 exemplares, com quatro desenhos originais do autor, 1998); A palavra exuberante (2004). Pela Língua Geral, Rio de Janeiro, publicou Debaixo do arco-íris não passa ninguém.
Sila (pronuncia-se Silá) nasceu em Catió, Guiné, em 1958. Participou das “brigadas de alfabetização”, sob a orientação de Paulo Freire. Formado em Engenharia Eletrotécnica (Universidade de Dresden, Alemanha), também economista e investigador social, é autor de Eterna Paixão (1994), o primeiro romance escrito no país, ao qual se seguiram A Última Tragédia (1995) e Mistida (1997). Co-fundador da Kusimon (“Ku Si Mon”, em kriol, significa “com suas próprias mãos”), primeira editora privada do país, que veicula suas obras e resgata textos da tradição oral guineense. Co-fundador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas e da revista cultural Tcholona, órgãos pelos quais vem publicando extensa obra ensaística. Primeiro autor guineense a escrever uma peça de teatro, “As Orações de Mansata” (2007) – versão africana de “Macbeth”, de Shakespeare –, Sila se prepara, com o músico José Manuel Fortes, para ser também o pioneiro da ópera no país.
Será uma belíssima conversa, não?

Abaixo, links com mais informações sobre nossos convidados:

Sobre Zetho Cunha Gonçalves:

 Sobre Abdulai Sila:

 Serão Literário com Zetho Cunha Gonçalves e Abdulai Sila:
Excepcionalmente, terça, 09 de agosto, às 20h, no Anfiteatro A da Faculdade de Ciências e Letras. Compareça! 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O último Serão Literário do semestre teve como convidado Claudio Willer, que nos presenteou com a sua imensa paixão pela escrita e por sua imensa simpatia. Uma conversa agradabilíssima!
Veja aqui as fotos e até a próxima!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Prepare-se para o Serão!

O Serão Literário preparou links para você conhecer melhor Claudio Willer, nosso autor-convidado desse terceiro encontro de 2011, e chegar "afiado" dia 13 de junho!

Leia textos do autor

Veja uma entrevista

O autor tem Facebook! Adicione aqui, caso queira saber mais.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Serão Literário com Cláudio Willer


Dando continuidade aos encontros de 2011, o Serão Literário traz Cláudio Willer.
O autor nasceu em São Paulo, onde reside, em 1940. Seus vínculos são, principalmente, com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Poeta, ensaísta e tradutor, possui formação acadêmica como sociólogo (Escola de Sociologia e Política) e psicólogo (Instituto de Psicologia – USP). Atualmente, faz doutoramento em Letras Comparadas, DLCV-FFLCH-USP.
Willer publicou os seguintes livros, além da publicação em  diversas antologias e publicações coletivas: Anotações para um Apocalipse, Massao Ohno Editor, 1964, poesia e manifesto; Dias Circulares, Massao Ohno Editor, 1976, poesia e manifesto; Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont, 1ª edição Editora Vertente, 1970, 2ª edição Max Limonad, 1986, tradução e prefácio; Jardins da Provocação, Massao Ohno/Roswitha Kempf Editores, 1981, poesia e ensaio; Escritos de Antonin Artaud, L&PM Editores, 1983 e sucessivas reedições, seleção, tradução, prefácio e notas; Uivo, Kaddish e outros poemas de Allen Ginsberg, L&PM Editores, 1984 e sucessivas reedições, seleção, tradução, prefácio e notas; nova edição, revista e ampliada, em 1999; edição de bolso, reduzida, em 2.000; Crônicas da Comuna, coletânea sobre a Comuna de Paris, textos de Victor Hugo, Flaubert, Jules Vallés, Verlaine, Zola e outros, Editora Ensaio, 1992, tradução; Volta, narrativa em prosa, Iluminuras, 1996, segunda edição, 2002; Lautréamont - Obra Completa - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas, edição prefaciada e comentada, Iluminuras, 1997; segunda edição em 2003.
Cláudio Willer também ocupou diversos cargos e funções em  administração cultural, foi assessor na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, responsável por cursos, oficinas literárias, ciclos de palestras e debates, leituras de poesia, de 1994 a 2001; e participou de dezenas de congressos, seminários, ciclos de palestras, apresentações públicas de autores, etc, no Brasil e no exterior. 
Atualmente, é Presidente da União Brasileira de Escritores, UBE -cargo que já exerceu em dois mandatos anteriores (1988 a 1992)- tendo sido eleito em março de 2000 e re-eleito em março de 2002. Foi também secretário geral da UBE em outros dois mandatos (1982-86), e presidente do Conselho da entidade (1994-2000). Publicou recentemente o livro de poesia Estranhas Experiências e o ensaio A Poesia Surrealista.
Segunda, 13 de junho, 20h no Anf. A da Fclar. Participe!


terça-feira, 10 de maio de 2011

Serão Literário com Luis Serguilha Comentário de Michel Monteiro

Na última 2ª. feira, 25/04, teve lugar mais uma edição do Serão Literário, tendo como convidado o poeta português Luis Serguilha, que lança, entre nós, sua obra mais recente: KOA’E.
Luis Serguilha desenvolveu, inicialmente, o conceito de “transmigração”, um de seus objetivos com a vinda ao país. Diz respeito à troca de ideias, ao diálogo cultural em linhas gerais, ou poético no caso específico, entre Brasil e Portugal. Fez menção a de outrora entre Mário de Sá-Carneiro ou Fernando Pessoa com Carlos Drummond de Andrade, entre Antonio Viera e Tomás de Aquino, entre outras, sem deixar de discorrer sobre fatores históricos, políticos e editoriais que dificultam essa relação nos dias hoje.  Enfim, o que ficou foi um entusiasmo claro da parte de todos, no sentido de que a tal “transmigração”, com efeito, pudesse vingar.
Porém nada disso se viu no que veio a seguir, com o poeta a expor seu ponto de vista sobre o fazer e o fruir poéticos.  O anfiteatro, repleto de leitores em potencial. Ou dotados de cegueira, como os vê o poeta, para quem a única consideração para com o público, ao criar, é juntamente que “o leitor está carregado de cegueira”. Consideração feita, partiu para conceitos de Física Quântica, Biologia, Arqueologia, para explicar que tudo está em tudo e “contaminado por tudo”, como na relação cósmica, na relação da natureza consigo mesma, na relação humana, na relação entre os gêneros literários e na relação híbrida entre as artes. Para ele, o ato criativo é “animalescamente violento”, violência do corpo contra a matéria, do eu contra o eu-mesmo, um ato primitivo. Vale retificar o que afirmei no início deste parágrafo: pouco-ou-quase-nada se disse acerca do fruir poético.
Quando partiu para a leitura de algumas “imagens” – Serguilha não fala em versos – de KOA’E, ecoou pelo anfiteatro uma verborragia percussiva, para fazer uso da formulação de um escritor citado na noite, “cheia de som e de fúria e sem sentido algum”. A lembrar os delírios de Benjamim ou o idiota de Faulkner. Só que, no caso, a voz não era a de um idiota – não assumidamente, pelo menos –, mas uma voz bem vestida por um vasto vocabulário cósmico. O problema é que tal vestimenta se revela rochosa, quase impossível de ser penetrada pelo leitor, o que lhe permitiria um furtivo mergulho na profundidade da obra. Sem esquecer de que estamos a falar de seres “carregados de cegueira”. Difícil essa vida de leitor.
Se clara ficou a boa intenção da “transmigração” Brasil/Portugal, claro ficou também um desejo elitista de ruptura. Escuro, invisível e inaudito, porém, restou o diálogo entre a obra e o ouvinte/leitor, a mais fundamental das “transmigrações” em se tratando de arte. Vale apostar, no entanto, em que a escura cegueira que ocupava as cadeiras da platéia, esta a melhor das hipóteses, possa ter se tornado mais clara, mais saramaguiana.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Na abertura dos trabalhos, depois de apresentar o poeta Luis Serguilha e ressaltar a importância de sua presença entre nós, o coordenador do projeto Serão Literário aludiu à insuficiência do intercâmbio cultural entre Brasil e Portugal. Com seu acento lusitano, o convidado tomou como ponto de partida a fala do apresentador, aproveitando para enaltecer alguns autores que lutaram para que esse intercâmbio se intensificasse.
Em seguida, ele justificou porque só falaria da poesia em geral.
KOA'E, nome do livro que o poeta lança entre nós, também é o nome de uma cidade submersa do Havaí. Para ele, poesia também é isso: um terreno submerso. Mas é também o nome de uma ave da Indonésia, considerada uma espécie de tótem, que, segundo Serguilha, tem relação com o lado cósmico da poesia.
No seu entender, a poesia caminha para uma “homogeneização”. E há dificuldade em ousar e expandir a poesia para outras áreas. Por isso mesmo, ele pondera, sua poesia tem poucos admiradores.
Feitas essas considerações, o autor passou à leitura de seus poemas: Vadarak. Sua leitura, sua entonação, ele diz, pretende dar a perceber a musicalidade, a dança e a violência, elementos que considera essenciais para a poesia.
 Reafirmando sua ideia de que poesia deve se expandir em direção a outras formas de arte, ele comenta sobre atores que já leram e interpretaram esse mesmo poema, como Vera Barbosa.
Terminada a exposição e feitas algumas leituras de poemas, o microfone foi aberto às perguntas da platéia. À primeira pergunta que lhe foi dirigida, sobre se seus poemas demandavam a leitura em voz alta por parte do leitor, ele respondeu que sim, que isso permitiria uma volta ao arquipoema, ao poema em seu início, acrescentando ainda que há uma necessidade de “cantar e dançar” seus textos, que alguém já chamou de “partituras”.
No que se segue, tento reproduzir algumas das perguntas e as respostas a elas oferecidas pelo poeta.

Você diz que sua poesia não é para ser compreendida, que foi exatamente uma das críticas feitas ao Haroldo de Campos de “Galáxias”. Em resposta, Haroldo terá dito: “No futuro, minha poesia vai servir como mapa para as navegações espaciais.” Como entende essa afirmação?
Os poemas cartografam a ambivalência do ser humano. Shakespeare nos falou disso: o ser ou não ser. Eu vejo o poema como multifacetário, que mais destrói do que constrói, que cria  desastres, apenas porque é preciso sempre tornar a reconstruir.
Aproveitando o ensejo, as professoras Márcia Gobbi e Maria Lúcia tomam a palavra para agradecer a presença do poeta e comentar sobre a presença de poetas portugueses na Faculdade de Ciências e Letras, como Jorge de Sena ou Casais Monteiro. A professora Maria Lúcia comentou sobre a forte impressão que lhe havia causado a leitura feita por Serguilha, autor, segundo ela, de uma poesia forte, musical, moderna e órfica ao mesmo tempo, em diálogo com a tradição poética.
Foi o ensejo para que ele procedesse à leitura de mais uma “imagem” do livro em lançamento, seguida de nova abertura às perguntas da plateia.

Você nunca fala em “versos”, mas em “imagens”. Como situa a papel do poeta, como criador de imagens, num mundo que é inteiramente voltado para a produção e o consumo de imagens?
Fazendo uso do procedimento da montagem, o poeta produz conjunções de imagens que habitam o consciente e o inconsciente. Também como leitores, projetamos todas as nossas experiências no texto, assumimos também o papel de criadores, produtores de novas imagens, de novos textos.
O livro é isso mesmo: paixão, intensidade, desejo interminável, porque o homem não é fechado. Se fosse, seria um desastre. O homem é aberto ao cosmos. Tento fazer o homem falar com a natureza.

Tendo como ponto de vista a unidade cósmica, a homogeneidade não seria natural?
A arte é uma tensão entre contrários. A homogeneização causa involução, infantilização. Há a necessidade de criar desastres. Nunca atingimos a clarividência. O homem não tem preparo para aguentar isso, por isso cria simulacros. A arte cria simulacro atrás de simulacro, e é aí que talvez esteja a verdade. A homogeneização é fruto de muito ruído.

Há um escritor que diz que para criar é preciso ter dor, remoer as coisas muitas e muitas vezes. Nisso, o escritor fica sozinho. O que você acha disso?
Nosso corpo é dor. Nós só temos notícia disso quando dói fisicamente. A palavra é incicatrizável porque está dentro de um corpo incicatrizável. E é aí que está a dor. Não acredito em poesia de sentimentos, acredito em poesia feita de energia, e nela está contida a violência. Essa poesia de sentimentos não projeta a violência, a crueldade que está na poesia. Clarice escrevia como grito, que está dentro do corpo. Enquanto existir esse grito, eu mesmo não pararei de escrever. As pessoas fogem disso, têm medo de estar no centro de si próprias, vivem na periferia de si mesmos. É como se tivéssemos um monte de livros para ler e só os usássemos para enfeitar a casa. Os poetas que ousam, que atingem essa loucura, esses são reprimidos.

Você, quando declama, enfrenta ou dignifica a palavra que conquistou?
Eu vejo a palavra num processo de experimentação, numa ambiguidade absoluta. Nunca escrevo para o leitor. Escrever para o leitor é pensar nele, e isso não seria respeitar a palavra. A poesia é libertária, não está a serviço de ninguém, nem do possível leitor. A obra está aí e, se tiver consciências que se dignem a recebê-la, é bom, espero que haja muitas.

Como é a precedência de som e do sentido na sua forma de composição?
É difícil de explicar isso. É uma composição jazzística, como também é Bach, que, sendo barroco, mesmo assim possui um rigor imenso. Mas nas minhas imagens também há o tribal e o flamenco. Talvez essa sonoridade misturada seja projetada no corpo da poesia. Digo talvez, pois eu não consigo explicar. Essas coisas não se sabem.

Quando você sente que a imagem, a pintura que você está fazendo se esgotou?
Poesia é fogo construtório. Esse fogo construtório é interminável. Estes textos – diz, apontando para um dos volumes de KOE’A, sobre a mesa – seriam portadores de vários outros textos. Eles podem pode ser lidos em várias direções. É possível criar várias arquiteturas, várias leituras, isso é interminável.

 É tão envolvente seu trabalho! Quando é que você para? O texto para de provocar desejo, é isso?
O texto está dentro de mim, nunca sai de mim. Eu escrevo com o meu corpo. O corpo que cria desastres. O livro está a salvo quando se acha um leitor.

Antes do encerramento, Serguilha ainda acatou a sugestão de que o fizesse com a leitura de mais uma “imagem”. Do mesmo livro em lançamento, ele escolheu Hangar 7


Veja fotos do evento.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Mais sobre Luis Serguilha

Informações sobre o autor, sua obra e textos para a leitura: http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/portugal/luis_serguilha.html#topo

Ledda Tenório da Motta, sobre Koa'e: 

Coletânea de críticas sobre a obra do autor:

Serão Literário com Luis Serguilha

 “Ouvir Serguilha recitando seus poemas/partituras é uma experiência inesquecível e necessária para entrar na espessura de sua poesia.
Víctor Sosa




Nessa segunda feira, 25 de abril, data em que se comemora a Revolução dos Cravos que deu fim a ditadura salazarista em Portugal, o Serão Literário, em seu segundo encontro, traz o poeta português Luis de Serguilha.

Nascido em Vila Nova de Famalicão, Portugal, Serguilha distinguiu-se em várias áreas, tendo atuado como coordenador de uma academia de motricidade-humana, colaborador em pesquisa arqueológica da época castreja, dinamizador de bibliotecas de jardim. Poeta e ensaísta, suas obras são: O périplo do cacho (1998), O outro (1999), Lorosa´e Boca de sândalo (2001), O externo tatuado da visão (2002), O murmúrio livre do pássaro (2003), Embarcações (2004), A singradura do capinador (2005), Hangares do vendaval (2007), As processionárias (2008), Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica, no êxtase místico e na violenta condição humana (2008), KORSO (2010), KOA'E(2011) estes quatro últimos em edições brasileiras. Seu livro de prosa -Entre nós - é de 2000, ano em que recebeu o Prêmio de Literatura Poeta Júlio Brandão. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura no Brasil, na Espanha e em Portugal. Alguns dos seus textos foram traduzidos para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão e catalão.Participou em vários encontros internacionais de Arte e Literatura. É responsável por uma coleção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama e Curador do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia.
Para o poeta e tradutor uruguaio Víctor Sosa: “Serguilha se vincula a certo neobarroco iberoamericano, que tece suas constelações desde Lezama Lima e Haroldo de Campos (o de “Galáxias”) e chega até a atualidade em poetas de língua portuguesa e castelhana (Néstor Perlongher, Wilson Bueno, Paulo Leminski, José Kozer e Víctor Sosa) que aplicam procedimentos semelhantes em suas escrituras de criação.” Se bem que menos interessada nos “labirínticos eflúvios do inconsciente”, diz o tradutor uruguaio, “sua poesia pode ser vinculada ao surrealismo e à escrita automática”.
KOA'E(2011) é o livro “mote” de nossa conversa. Sobre os poemas que nele constam, o escritor e crítico literário Marcelo Moraes Caetano fala em “música ocular”, a demandar uma “arquimetalinguagem vista por outro telescópio ou por outro microscópio”.

Serão Literário com Luis Serguilha: Segunda, 25 de abril, Anfiteatro A da Fclar, 20h.

domingo, 17 de abril de 2011

Na segunda-feira, 04 de abril de 2011, tiveram início as atividades do Serão Literário, tendo como convidado o escritor Menalton Braff, que criou o evento homônimo em Ribeirão Preto e sugeriu que ele se estendesse a Araraquara. Para ele, o Serão Literário coloca diante do público o sentimento do autor em relação a sua própria obra. O Serão tem por mote: “o texto na voz de seu autor”.
Ao promover o lançamento de seu mais recente romance, Bolero de Ravel, sendo que outros aguardam na fila, o escritor esbanjou simpatia e pleno domínio das ferramentas de seu ofício.
Tendo procedido à abertura dos trabalhos da noite, o Prof. José Pedro Antunes propôs a audição de uma gravação do “Bolero”, de Ravel, composição que inspirou o escritor na elaboração do romance. Música de uma “frase” só, insistentemente repetida a cada entrada de um novo instrumento, até atingir um máximo de intensidade, com toda a orquestra a repetir o tema, tem sua estrutura semelhante a do romance, o que faz com que o leitor se sinta em seu fluxo, inteiro, não importa por onde ele penetre.  
Dando início a sua fala, ao agradecer a participativa presença de um público numeroso, o escritor sintetizou numa frase o seu apreço pelo ambiente escolar e universitário: “Desde muito cedo, respiro giz.”
Seguiram-se considerações sobre literatura, que, para ele, é palavra, discurso e, dadas as suas características intrínsecas, não se presta muito a que com ela se faça ciência: “Ora, ela é feita por humanos, não?”
Em seguida, ele procedeu à leitura do capítulo 12 do romance, que já havia sido disponibilizado para leitura antecipada. O escritor aprovou a escolha do capítulo, que reúne os principais elementos do romance, e no qual se inclui uma referência explícita à composição de Ravel, que a mãe do protagonista costumava interpretar para ele ao piano. Feita a leitura, que mereceu dos presentes um acompanhamento atento, Menalton Braff fez uma breve sinopse (leia aqui).
Mistura perfeita entre realidade e fantasia, a repetição de motivos é o procedimento que permite a tentativa, sempre ficcional, do fluxo de consciência do protagonista. A idéia da repetição ficou sendo uma espécie de “mote” para o andamento do debate. Como na composição de Ravel, as repetições, quase obsessivas, vão adquirindo nuances que as tornam sutilmente diferentes entre si. Mais do que prender o leitor com promessas de um desenlace, o romance faz por mantê-lo atento ao modo como a narrativa se constrói.
“Eu não quis transcrever a estrutura da música para o livro. Eu acho que soaria falso”, afirma o escritor, “a música serviu de inspiração, não pretendia copiá-la”. Aliás, essa ligação com outras linguagens não é novidade na obra de Menalton Braff. Para escrever Moça com chapéu de palha, por exemplo, cujo lançamento foi o motivo de sua presença entre nós em março de 2010, sua fonte de inspiração foi “A Catedral de Rouen”, de Monet.
E é nesse ponto que o autor aproveita para falar sobre como é escrever um romance. Para ele, antes de se escrever, tem-se ideias básicas, iniciais, que só servem para isso mesmo, para dar a largada. Na sequência, elas acabam dando margem a outras ideias, que surgem ao sabor da escritura. Antes de se lançar, no caso, à feitura do romance em lançamento, sua intenção inicial não era a de colocar a música na obra, mas sim, apropriar-se da ideia da repetição obsessiva, de que o nosso presente acumula coisas do passado, tema que, de resto, foi estudado por Freud.
Em seguida, o professor José Pedro Antunes, toma a palavra para falar de suas impressões e dificuldades como leitor do livro. Passa então a ler o capítulo do fim para o começo, para demonstrar uma curiosidade que encontrou depois de “lutar” com a narrativa: ela não é linear, pode ser lida em várias direções. A isso o autor responde com um simples: “Sabe invenção de quem é isso? Baudelaire!”, passando, em seguida, a considerações sobre a distinção entre “showing” e “telling”. Sendo o primeiro mais propício ao conto, pois tem a característica de mostrar o ambiente como um todo: as pessoas, a paisagem, enquanto o segundo melhor seria relacionado ao romance, uma vez que tem a característica de contar, diminuindo a perspectiva do leitor a um ponto específico, não ao panorama, como o ‘showing’ faria. É de suma importância acrescentar, porém, que o romance pode apresentar o ‘showing’ com muita tranquilidade; essa classificação não é fixa.

Após a consideração acima, o autor acrescenta o raciocínio de que quando se conta não é preciso uma lógica como a conhecemos. O esboço do livro não existe como ponto de partida, surgindo depois de vários capítulos, quando o relato já se pauta pela lógica criada pela escrita. Em seu caso particular, diz Braff, esse esboço é feito de maneira bastante sumária.
Dando sequência à programação da noite, o professor Zaga leu uma sua resenha do livro, reconhecendo nele, com a repetição de motivos de obras anteriores, uma espécie de síntese da obra do autor. Sobre isso, Menalton Braff se manifestou inteiramente de acordo. Ele próprio diz não saber por quê, mas alguns temas são mesmo recorrentes em sua obra, como sabiamente aponta a resenha lida pelo professor.
Instada a falar, uma doutoranda, autora de dissertação sobre as narrativas curtas do escritor, quis saber se Adriano, o protagonista, não seria mais um numa série de protagonistas frágeis em sua obra. Em resposta, o autor discorreu sobre um fenômeno muito comum na atualidade, e não só no Brasil, mas no mundo todo, o “adultecente”. Aos 35, o protagonista ainda não chegou à idade adulta, adolesce. Mas nem todos os seus protagonistas são frágeis, diz o escritor, embora, como Adriano, tenham momentos de fragilidade.
Para Menalton, o que faz o romance moderno é a linguagem. E para ser escritor é preciso ter um vício: a leitura. Como é preciso conhecer o máximo possível de teorias. Sobre estas, ele afirma, quando o aspirante a escritor já não precisa mais consultá-las é porque deu bons passos rumo à escrita: “É preciso ter consciência do que se está fazendo”.
 Ler e anotar ideias e frases são dicas do escritor, que faz a sugestão de que se comece pelo conto: “Romance dá trabalho, exige contato diário e longo com as personagens”. E há que conhecer, é claro, os clássicos do conto (Maupassant, Cortázar, Poe).
Braff também faz algumas considerações sobre o para que escrever, dizendo: “A gente escreve, mas não para ser reconhecido”. Fala também do identificar-se ou não com uma obra, da construção pessoal que isso significa, pois o ser humano está sempre querendo saber quem é, só chegando mesmo a sabê-lo através dos outros.
Teve início, então, a sessão de perguntas. No que se segue, tento recompor algumas delas, seguidas das respostas do escritor.


Escrever um romance é uma construção pessoal?
Eu escrevo como leitor. Escrevo para me agradar: se eu gosto, continuo; se não, apago. Na medida em que você escreve, vai se identificando. Eu me descubro a cada escrita. Chorei em uma parte do livro que acabo de terminar e não sabia que era capaz de me sentir comovido com aquilo. Ainda bem que não tinha ninguém por perto (risos)!


Quais as consequências de ser escritor?
O contato com o público, essa oportunidade de dialogar, ver sair um livro seu, saber que o leram as pessoas, vê-las contestar a tua obra. Mas o principal, a maior alegria é por um ponto final no teu texto, terminar a produção: o prazer de ter produzido um texto.


Quando uma repetição é criativa e quando é cansativa?
Não existe um limite, depende do leitor. A repetição nunca é gratuita, ou melhor, não deve ser gratuita. A semiótica diz que tudo o que é importante é repetido. O autor pode ter vários objetivos com essa repetição, também o de te incomodar. Se incomodou, então ele conseguiu.


Quais precauções um escritor tem que ter para que o texto não vire uma cópia?
Não há nada de novo debaixo do sol. Temas são repetidos desde que o mundo é mundo. A diferença é como se conta uma história com determinado tema. Machado de Assis usou muito do que Sterne já tinha feito. Foi criticado por isso? Não, pelo contrário: é um dos nossos maiores escritores.


Como decidir de que forma contar? Por exemplo, como colocar um discurso político na história?
A literatura não deve se prestar a nada: ela se basta. Do contrário, viraria panfleto. Como contar? Essa é a coisa mais difícil. É preciso decidir primeiro qual é o ponto de vista, quem é o narrador (de primeira ou terceira pessoa?), qual a estrutura do texto, se vai ser dividido em capítulos ou não. Se a estrutura não convence, pare. A primeira pessoa a ser convencida pela estrutura é você mesmo. Essa é uma escolha muito difícil, dá muito o que pensar.

E foi assim, com intensa participação do público, que o Serão Literário iniciou suas atividades neste ano de 2011. Vem mais por aí. Participe.

Veja as fotos do evento.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Preparativos

Já está disponível para download no link abaixo um resumo e um capítulo de Bolero de Ravel, livro a ser lançado por Menalton Braff em nosso primeiro encontro do ano.  Também está disponível uma crítica feita por José Pedro Antunes, professor e coordenador do evento. 


SERÃO LITERÁRIO com MENALTON BRAFF

lançamento do romance "Bolero de Ravel"
04/04/2011 - 2a. feira – 20 hs - anf. A

sexta-feira, 25 de março de 2011

Serão inicia suas atividades

Professor, escritor e romancista gaúcho, Menalton Braff é quem inaugura as atividades do Serão Literário 2011.
Formado em Letras pela Universidade São Judas, Braff passeia pelos contos, romances e também pela literatura infantil, tendo publicações diversas nesses três campos.
 Os dois primeiros trabalhos, Janela aberta (romance) e Na força de mulher (contos), escreve sob o pseudônimo de Salvador dos Passos, ao mesmo tempo em que termina seu curso de Pós- Graduação em Literatura Brasileira. Seu terceiro livro, À sombra do Cipestre (contos), o primeiro a levar seu nome, recebeu o prêmio Jabuti de 2000, na categoria Livro do Ano- ficção.
Em 2010, pela Editora Global, é publicado o mais recente romance do autor, Bolero de Ravel, assunto principal de nossa conversa.

O livro conta a história do fim de uma família de classe média, depois da morte dos pais em um acidente de trânsito. Adriano, o protagonista, é que nos conta essa história, por meio de sua perspectiva adolescente (apesar dos seus 35 anos) e saudosista. Através do fluxo de consciência, vemos a narrativa tomar corpo numa intensidade semelhante à música na qual é inspirada.

Participe você também!
Segunda, 4 de abril, 20h, Anfiteatro A da Fclar.

Mais informações:
Críticas: http://migre.me/47AvM
http://migre.me/484eA
Blog do autor: http://migre.me/484ze
Ouça Bolero de Ravel: http://migre.me/484Qv